" A menina galinha" - crianças selvagens

Crianças Selvagens (história verídica)

- “A menina galinha”

 

“Idalina, deixava a sua filha no curral, porque não tinha onde a deixar nem a podia levar para o campo.

Idalina era incapaz de decidir, explicar, agir e sobretudo de enfrentar os seus próprios problemas. Era evidente uma nítida confusão temporal, baralhando a sua própria infância com a da sua filha.

Após o internamento da filha, durante os primeiros tempos, Idalina ia visitá-la à Instituição mas, progressivamente, foi deixando de ir. Tinha desinteresse por tudo, incluindo a filha e a sua própria situação. Isabel, por seu lado, não reagia perante a presença de sua mãe, não manifestando comportamentos, nem de aproximação, nem de rejeição.

Passados 18 anos, Idalina é encontrada a viver num lar e gosta de ver o retrato da filha.

Dezoito anos depois, Isabel não cresceu muito. Já anda sozinha, embora não em zonas de piso irregular ou com degraus. Diminuiu a agressividade e consegue completar jogos de colocação de peças. Tem um fascínio pelo tiquetaque dos relógios.

Continua com problemas de estômago que lhe causam grande debilidade pois a obrigam a comer pouco e a ter uma alimentação muito cuidada.

Segundo os relatórios do colégio onde esteve durante 15 anos, Isabel era afectiva e simultaneamente agressiva na tentativa de estabelecer relações. Não falava, batia os braços, mordia-se, arrancava cabelos que comia e tinha problemas de cicatrização por arrancar crostas das feridas.

Foi internada na Casa do Bom Samaritano, onde, segundo a irmã Maria José, chegou com «uma grande anemia e muitos parasitas, não se controlava e não conseguia estar sentada cinco minutos, apesar de não se equilibrar (...) não possuía qualquer concentração, comia cabelos, papel e maçarocas de milho em grão». Por outro lado, «agarrava-se às pessoas e, se não tinha resposta, beliscava-as, utilizando a agressividade para chamar a atenção. Com a mesma intenção, despia-se da cinta para cima».Segundo a psicóloga Isabel Costa, da Casa do Bom Samaritano, Isabel teria, em 1998, uma idade mental de dois anos. «Tem um nível de compreensão simples e responde a pequenas ordens, do género de se pedir alguma coisa e ela ir buscar. Mas, se se pedirem duas, ela só traz uma, porque só capta uma ordem de cada vez». Por outro lado, refere que «a jovem não fala mas tem linguagem receptiva, se se lhe falar em termos simples e sem grandes sequências». Isabel Costa salienta ainda a evolução, nos últimos três anos, da sua capacidade de atenção e concentração. «Com a colaboração de alguém, já consegue ter uma actividade durante dez minutos seguidos e, no que respeita a socialização, já sabe estar em grupo, é participativa e tem iniciativa própria por necessidade de contacto físico.»”

 

https://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/cselvagens/como_se_encontra_isabel_em_1998.htm

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